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13 de mar. de 2012

Morrissey encerra turnê em São Paulo com viagem pouco vigorosa ao passado dos Smiths

Morrissey se apresenta neste domingo em São Paulo (11/3/12) 

A influência de Morrissey na cultura pop vai além das fronteiras musicais. Não à toa, o ex-Smiths subiu ao palco de camisa dourada aberta até o peito enquanto os integrantes de sua banda vestiam camisetas vermelhas como a frase "Assad Is Shit", em referência ao atual presidente da Síria Bashar Al Assad. Em outro momento, repetiu uma provocação ao príncipe Harry, que está em visita oficial ao Brasil em campanha para promover a cultura e os negócios britânicos. "Ele quer seu dinheiro. Chega de ditadura! Não, não, não!", protestou.
 
Mas não havia muito interesse do público na militância promovida por Morrissey. Ninguém parecia muito interessado em suas tradicionais mensagens panfletárias e suas contestações. A plateia, que neste domingo (11) encheu um superaquecido Espaço das Américas em São Paulo no encerramento da turnê brasileira de Morrissey, esperava mesmo por clássicos dos Smiths, que ganharam recepção ainda mais calorosa quando apareceram. A casa só não ajudou muito quem ficou na pista comum mais afastada do palco, que é baixo, e não pôde contar com os telões laterais, que estavam desligados.
Morrissey condensou 30 anos de sua carreira em 19 músicas e 1h30 de show. O repertório escolhido para tocar no Brasil --o mesmo para Belo Horizonte, Rio e São Paulo-- foi revezado entre seis hits dos Smiths e 13 faixas de sua extensa carreira solo. O roteiro, no entanto, foi de altos e baixos. Da dobradinha inicial com "First Of The Gang To Die" e "You Have Killed Me" até "Still Ill", primeiro hit dos Smiths a ser executado, o clima ainda era de saudosismo.
 
Mas uma sequência climática com "I Will See You In Far-Off Places", "Ouija Board, Ouija Board" e a mórbida "Meat Is Murder" interrompeu o andamento do show --esta última acompanhada pelas imagens angustiantes no telão de aves e vacas sendo brutalmente abatidos, aumentando uma sensação de desconforto na casa. Clássicos de sua antiga banda, como "There Is A Light That Never Goes Out" e "How Soon Is Now?" também apareceram em versões mais lentas e com menos vigor.
 
Morrissey, por outro lado, parecia animado e feliz em estar naquele palco, frente a fãs fervorosos, diferente da figura amargurada e preguiçosa relatada nos shows de Buenos Aires na semana passada. Sorridente e performático, dançou, trocou de camisa quatro vezes --uma delas atirando para a plateia, como de costume--, demonstrou bom humor ao receber de uma pessoa do público um disco de vinil, que ele atribuiu aos Ramones, e apresentou os integrantes de sua banda como "esses caras que eu encontrei andando na rua" --destaque para os solos e riffs do guitarrista texano Jesse Tobias, que ganhou notoriedade ao ser contratado pelo Red Hot Chili Peppers em 1993 e dispensado um mês depois.
 
Sem lançar um disco inédito há três anos, sem gravadora e fazendo shows pouco elogiados no exterior, Morrissey ainda mantém interesse do público pela história que ajudou a construir na música pop dos anos 80. Para os fãs brasileiros, que não o encontravam há mais de uma década, o reencontro é quase uma devoção. Seu show ainda vale por essa viagem ao passado inspirada no legado dos Smiths, renegado em sua última visita ao Brasil, ainda que com menos energia. As escalas em sua carreia solo tem bons momentos, com "You're The One For Me, Fatty" e "Everyday Is Like Sunday", mas não trazem o melhor de sua discografia. 

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